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Por que dietas restritivas podem ser perigosas

  • Foto do escritor: Michele Birck
    Michele Birck
  • 26 de mar. de 2021
  • 3 min de leitura

Para a maioria das pessoas que fazem dieta, ela é o resultado da insatisfação corporal e de uma determinação para mudar o tamanho e a forma do corpo. As pessoas com um desejo de mudar o aspecto de seus corpos, no entanto, nem sempre estão de dieta. Segundo Ogden (2010), para entender por que a insatisfação corporal se traduz em dieta é necessário explorar a história da dieta e o impacto da indústria de dietas e então avaliar o papel central do controle sobre os corpos. A indústria das dietas tem perpetuado a crença de que a magreza é o estado desejado e incentiva a crença de que o tamanho e forma corporais podem ser alterados e, em seguida, oferece dietas como meio para modificá-los.


Contudo, embora a dieta tenha por objetivo reduzir a ingestão de alimentos e causar perda de peso subsequente, há indicadores de que fazer dieta, principalmente as mais restritivas, pode causar episódios de comer em excesso. Pesquisas de Ogden (2010) na área da psicologia da alimentação têm sido inspiradas também pela teoria da restrição (restraint theory), na qual a autora destaca que o comportamento alimentar desinibitório das pessoas que fazem dietas restritivas é consequência das tentativas de se auto impor limites cognitivos na ingestão de alimentos.



De acordo com teoria da restrição, comer demais não é a única consequência da dieta – principalmente as mais restritivas. Tentativas de real restrição alimentar também podem levar a uma preocupação com os alimentos, humor abatido e sentimentos de estar fora de controle. Dieta também tem sido relacionada com variabilidade de peso, distúrbios alimentares e obesidade. No entanto, ainda conforme Ogden (2010), existem problemas com a teoria da restrição, com pesquisadores questionando a relação entre dieta e comer em excesso, validade das medidas de restrição e a natureza da própria dieta. Ou seja, ao que parece a dieta nem sempre leva ao excesso alimentar, e que algumas medidas de restrição são feitas especificamente por aqueles dieters com uma tendência a comer em excesso.


Segundo Ogden, resultados de um estudo de Loro e Orleans (conforme citado em Ogden, 2010) indicaram que os dieters obesos relataram episódios de compulsão precipitados por ansiedade, frustração, depressão e outras emoções desagradáveis. Os autores sugerem que os obesos são encorajados a impor um limite cognitivo à sua ingestão alimentar, a qual introduz uma sensação de negação, culpa, e a resposta comum a tais limites – superalimentação. Consequentemente, qualquer perda de peso pode ser impedida por episódios de excessos alimentares que são uma resposta às muitas mudanças cognitivas e emocionais que ocorrem devido à dieta.


Embora dieta seja um desafio para os obesos, intervenções dietéticas podem resultar em grandes perdas de peso, mais comuns a curto prazo, impactando positivamente na saúde e autoestima das pessoas. O desafio, no entanto, tem sido a manutenção da perda de peso a longo prazo. Para tanto, Ogden (2010) enumera intervenções em saúde e comportamento, sobretudo que priorizem uma reeducação alimentar a longo prazo e que focalizem na qualidade nutricional dos alimentos.


As principais intervenções, portanto, são as seguintes: (1) fazer mudanças pequenas e de baixo esforço nos hábitos; (2) explorar a função dos alimentos; (3) encontrar substitutos para comer; (4) visualizar prejuízos imediatos de comer em excesso; (5) criar benefícios imediatos de uma alimentação saudável; (6) incentivar um modelo comportamental da obesidade; (7) capacitar as pessoas a assumir o controle; ou (8) escolher pela mudança do ambiente. É preciso considerar nas intervenções dietéticas que o custo psicológico da superalimentação é maior do que o benefício imediato do prazer que ela gera.

 
 
 

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